Canta a voz
Não sei de onde vem
Clama à madrugada
Calma vem
Muito além do porém
Tão avante, calada
Eu, que me fiz em pedaços
Feri neles meus pés descalços
Comi cada parte minha ao chão
E refiz das migalhas meu coração
Clareia a noite inteira
Voz que encanta
Rasga minhas fronteiras
Me faz meu luar
Clareia a noite inteira
Voz que encanta
Rasga minhas fronteiras
Me faz meu luar
Eis que me fiz e refiz tantas vezes
Que minha saliva amarga é doçura
Cuspi minhas cinzas em chamas na carne
E, ao peito que arde, tornei-me a cura
Que incendeia-me estrela
No escuro me vi distorcida
Parida de mim qual ferida
Esquecida de mim, esquecida da vida
Vi pedaços de mim espalhados
Transmutados por poucos trocados
Decepados feito estilhaços de mim
Nessas ruas sangrei
Nessas veias sofri
Fiz então minha lei
Em jamais desistir
Rondam os lobos, mal sabem sua sorte, pois
Esta aqui é luz, mas também é a noite
Clareia a noite inteira
Voz que encanta
Rasga minhas fronteiras
Me faz meu luar
Clareia a noite inteira
Voz que encanta
Rasga minhas fronteiras
Me faz meu luar
