Meu caju, meu cajueiro
Pede um cheiro que eu dou!
O puro suco do fruto do meu amor
É sensual, esse delírio febril
A mocidade é a cara do Brasil
Eu quero um lote
Saboroso e carnudo
Desse que tem conteúdo
O pecado é devorar
É que esse mote beira antropofagia
Desce a glote, poesia
Pede caju que dá
Delícia nativa
Onde eu possa pôr os dentes
Que não fique pra semente
Nem um tasco de mordida
Aí Tupi no interior do cafundó
Um quiproquó virou guerra assumida
Provou porã (provou!), fruta no pé
Se lambuzou, Tamandaré
O mel escorre, olho claro se assanha
Se a polpa é desse jeito, imagine a castanha
Por outras praias a nobreza aprovou
Se espalhou... tão fácil, fácil!
E nesta terra onde tamanho é documento
Vou erguer um monumento para seu Luiz Inácio
Nessa batalha, teve aperréio!
Duas flechas e no meio uma tal cunhã-poranga
Tarsila, pinta a sanha modernista
Tira a tradição da pista
Vai Debret! Chupa essa manga!
É Tropicália, Tropicana, cajuína
Pela intacta retina, a estrela no olhar
Carne macia com sabor independente
A batida mais quente, deixa o povo provar
Meu caju, meu cajueiro
Pede um cheiro que eu dou!
O puro suco do fruto do meu amor
É sensual, esse delírio febril
A mocidade é a cara do Brasil