Ao Cantar dos Galos

Os que despertam com os galos Conhecem essa maravilha Que Deus pinta a cada dia Na moldura das coxilhas A madrugada gateada Tranqueia lá no horizonte Com um ventito tourena Levando sol ao reponte E, entrando pelas frinchas Vem brincar com as labaredas Que bailam sobre os tições Num sarandeio de sedas O claro canto dos galos Saudando a barra do dia Num contraponto campeiro De quem canta de aporfia É um convite pra peonada Dou arado dos arreios Pra lidar de sol a sol Na lavoura ou no rodeio Os que despertam com os galos Conhecem esta maravilha Que Deus pinta a cada dia Na moldura das coxilhas Os que despertam com os galos Conhecem esta maravilha Que Deus pinta a cada dia Na moldura das coxilhas As cambonas se achegam Junto ao fogo de chão E as cuias se acomodam Nas colchas rasas das mãos A cinza estende o lençol Sobre o catre do braseiro E as silhuetas bruxuleiam Na penumbra do candeeiro Os ranchos abrem os olhos Das janelas sonolentas E despertam bocejando Nas chaminés fumacentas As portas abrem sorrisos Iluminando a soleiras Para dar as boas-vindas Pra o dia lá na porteira Os que despertam com os galos Conhecem esta maravilha Que Deus pinta a cada dia Na moldura das coxilhas Os que despertam com os galos Conhecem esta maravilha Que Deus pinta a cada dia Na moldura das coxilhas